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“Telas em Pausa, Vida em Ação”: projeto em Saquarema incentiva famílias a redescobrirem o brincar fora do ambiente digital

Por Ayra Rosa em

A Equipe de Saúde da Família (ESF) Serra do Mato Grosso, administrada pela Prima Qualitá Saúde em cooperação com a Secretaria Municipal de Saúde de Saquarema, desenvolveu, em parceria com a Creche Vovó Leopoldina, o projeto “Telas em Pausa, Vida em Ação”, voltado às creches I a IV e suas famílias. A iniciativa busca conscientizar sobre o uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças pequenas e propor vivências que estimulem a imaginação, o movimento e a convivência familiar.

A proposta nasceu diante da constatação de que o tempo prolongado diante de celulares, televisores e tablets passou a ocupar o espaço das brincadeiras, da curiosidade e da interação. O projeto pretende promover experiências práticas e criativas, dentro e fora da escola, valorizando o contato humano e a construção coletiva de momentos significativos.

Entre os principais objetivos estão a sensibilização das famílias sobre os impactos do uso prolongado de telas na infância, o estímulo ao vínculo entre escola e família e a criação de alternativas de convivência saudável, com foco no desenvolvimento integral das crianças — físico, social, cognitivo e emocional.

A metodologia adotada combina atividades em sala e desafios semanais enviados às famílias, culminando em um encontro coletivo, o “Dia Sem Tela em Família”, em que pais e filhos participam de brincadeiras, oficinas e dinâmicas interativas. Cada turma vivencia temas específicos, de acordo com a faixa etária e os objetivos pedagógicos.

Na Creche I, o tema “Descobrir o mundo com os sentidos” propõe experiências sensoriais e afetivas com objetos do cotidiano, texturas e sons. Já a Creche II, com o tema “Explorar é crescer”, estimula o brincar espontâneo e o contato com diferentes materiais, por meio de oficinas de culinária, pintura de bolhas e brincadeiras com água e areia. As Creches III e IV, sob o eixo “Criar, imaginar e sentir”, abordam a criatividade, a expressão emocional e o uso de elementos naturais, com oficinas de fantoches, brinquedos recicláveis e circuitos motores.

Durante o bimestre, as famílias participam dos “Desafios Semanais – Família em Ação”, com propostas simples, como criar brincadeiras com objetos de casa, explorar o ambiente externo, cozinhar juntos e contar histórias. O registro dessas experiências compõe o “Varal de Momentos Sem Tela”, exposto no encerramento do projeto.

A coordenadora da ESF Serra do Mato Grosso, Gabriella Fernandes, reforça que a iniciativa representa um passo essencial na conscientização sobre o tempo de qualidade em família, “Nosso propósito é despertar uma reflexão sobre o valor do tempo vivido. As telas fazem parte da vida moderna, mas não podem ocupar o espaço do olhar, do toque e da presença. A infância é um período de descobertas reais, de experiências que marcam para sempre. Ao criar o projeto ‘Telas em Pausa, Vida em Ação’, buscamos promover um reencontro entre famílias e crianças, incentivando o convívio, o afeto e o brincar como caminhos de aprendizado. Cada desafio, oficina e atividade tem o papel de mostrar que a diversão e o desenvolvimento não dependem da tecnologia, mas da criatividade, da escuta e da interação”, comentou.

A culminância, denominada “Um Dia Sem Tela em Família”, será organizada em estações de vivência, onde cada grupo etário apresentará as atividades desenvolvidas. As famílias circularão entre os espaços, participando ativamente das propostas das professoras e da equipe de saúde.

O projeto foi idealizado e acompanhado por Carla Menezes (diretora geral), Krys Kely Peregrino (diretora adjunta), Sabrina Nunes (orientadora pedagógica), Gabriella Fernandes (gerente da ESF), Bismarck Liandro (enfermeiro), Priscila Dias (psicóloga eMulti) e Tuane Bello (agente comunitário de saúde).

As diretrizes do trabalho seguem as recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria, que orientam que crianças com menos de dois anos não tenham contato com telas, e que, entre dois e cinco anos, o tempo seja limitado a uma hora diária, sempre com acompanhamento. O objetivo é preservar o desenvolvimento neurológico e social, evitando efeitos como distúrbios do sono, irritabilidade, dificuldade de atenção e sedentarismo.

De acordo com as orientações do projeto, o uso da tecnologia deve ocorrer com equilíbrio, priorizando a convivência e o brincar compartilhado. Pais e responsáveis são incentivados a criar rotinas sem aparelhos eletrônicos, especialmente nas refeições e antes de dormir, além de oferecer exemplos práticos de convivência afetiva e criativa.

TEXTO: RODRIGO DA MATTA