CDI alia atendimento especializado a cuidado humanizado e enfrentamento do preconceito
O município de Arraial do Cabo conta com um equipamento essencial para a saúde pública: o Centro de Doenças Infecciosas (CDI), administrado pela Prima Qualitá Saúde em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. A unidade tem se tornado referência no atendimento a pessoas diagnosticadas com enfermidades transmissíveis, oferecendo acompanhamento gratuito, estrutura completa e um modelo de acolhimento que respeita a individualidade de cada paciente, promovendo um tratamento digno e livre de julgamentos.
A estrutura do CDI inclui atendimentos com psicólogos, assistentes sociais, profissionais de enfermagem, além de médicos especialistas em infectologia e dermatologia sanitária. O local também disponibiliza testes rápidos para diagnóstico de HIV, sífilis, hepatites B e C, além de hanseníase — doenças que, muitas vezes, ainda são cercadas por tabus e estigmas sociais.
A coordenadora administrativa do CDI, Danielle Barbosa, reforça o compromisso da instituição com um cuidado ético, inclusivo e centrado na saúde da população. “Ainda enfrentamos um forte estigma relacionado às doenças infecciosas. Há quem tenha receio de procurar ajuda por medo do julgamento ou da exposição. Por isso, nossa equipe trabalha com empatia, acolhimento e profissionalismo. Aqui, cada indivíduo é tratado com humanidade. Não apenas oferecemos diagnóstico e medicação — nós escutamos, orientamos e acompanhamos de forma completa. Temos orgulho em dizer que o CDI é um espaço seguro, onde todos podem buscar auxílio sem constrangimento”, comentou.
Somente no mês de julho, o CDI realizou 696 atendimentos a pessoas encaminhadas por hospitais, unidades básicas de saúde e pela Policlínica do município. Os usuários têm acesso a uma ampla gama de ações, como consultas médicas, apoio psicológico, assistência social, exames laboratoriais, testes PPD (para tuberculose), além da dispensação gratuita de medicamentos para todos os tratamentos relacionados a doenças infecciosas.
Mais do que tratar os sintomas físicos, o centro também atua no enfrentamento ao preconceito. Muitos pacientes chegam com medo, vergonha ou desinformação. Por isso, a atuação da equipe prioriza o respeito, o sigilo e a escuta sensível.
O impacto do atendimento vai além das fronteiras do município — e até do país. O argentino Mariano López, que vive há alguns meses em Arraial do Cabo, procurou o CDI após recomendação de amigos e compartilhou sua experiência. “Vim ao centro por recomendação de um amigo brasileiro e fiquei surpreso com o atendimento. Desde a recepção até o médico, todos foram muito atenciosos. Não só me explicaram tudo em um idioma que eu entendia, como também me trataram com muita dignidade. No meu país também há bons serviços, mas aqui me senti realmente acolhido”, afirmou.
A maioria dos pacientes atendidos no CDI é encaminhada por serviços da rede pública de saúde. Ao chegar à unidade, passam por triagem, avaliação clínica e, caso necessário, são direcionados a outras especialidades para complementação do cuidado.
TEXTO: RODRIGO DA MATTA
FOTOS: REYNALDO FÉLIX